QUE GERAM IMPACTOS EFETIVOS
A história de Lora Almeida é simples. Existiam sacolas e mais sacolas de uniformes antigos da Farmácia Santa Branca guardados e se acumulando. Certo dia ela percebeu esse acúmulo e resolveu transformar o que poderia ser futuramente um descarte em um nova possibilidade criativa: os uniformes viraram ecobags que foram destinadas aos próprios colaboradores da empresa. Sustentabilidade é isso. Ponto. Não tem o que complicar.
Ainda existe uma ideia equivocada sobre atitudes socioambientais dentro de grandes indústrias, de que é necessário uma massiva revolução para causar impactos efetivos. A realidade é que medidas simples, porém criativas, como a que Lora implementou na Farmácia Santa Branca, fazem a diferença para o planeta, inspiram outras empresas a fazer o mesmo e geram um efeito dominó absolutamente positivo para a sociedade. Imagine pelo menos 50% das farmácias do Ceará, ou até do Brasil, tendo essa mesma atitude simples. Imagine a quantidade de descartes de resíduos seriam evitados. Resíduos que muitas vezes nem sabemos para onde vai.
Funciona do micro para o macro, começa dentro de casa e vai para o entorno, para dentro da empresa, para a rua, o bairro, a cidade, o Estado, o país, o Planeta Terra! Planeta este que está em modo de emergência, com seus recursos indo, literalmente, pelo ralo.
Em entrevista especial para ‘A Flecha’, Lora Almeida, que hoje atua como Gestora de ESG e Projetos na Farmácia Santa Branca, além de arquiteta com foco em bem-estar, fala sobre como foi a implementação dessa e outras atitudes ecologicamente amigáveis na empresa, sua contribuição pessoal para a causa e como a simplicidade pode mudar o mundo para melhor. Confira:
Ecobag Farmácia Santa Branca
Bolsa masculina
Necessáire
Lora, primeiramente, pra quem não te conhece, gostaríamos de saber quem é você? O que você faz da vida? Inclusive, para além da sua função profissional.
Sou a Lora Almeida, uma apaixonada por arquitetura e pelo cuidado com o meio ambiente. Trabalho como arquiteta e Gestora de ESG e Projetos na Farmácia Santa Branca, onde estou há cinco anos. Meu trabalho vai muito além de desenhar espaços; eu crio projetos que promovem a sustentabilidade e o bem-estar de todos que interagem com a nossa empresa.
Fora do trabalho, sou alguém que valoriza muito a empatia, a responsabilidade socioambiental, a simplicidade e a transparência. Sou casada e moro em Fortaleza, uma cidade que me inspira com sua beleza e energia. No meu tempo livre, adoro estar com minha família e com minhas gatas. Também amo atividades manuais, como bordar, fazer crochê e desenhar, e gosto de presentear as pessoas com essas criações. Além disso, sempre busco formas de engajar as pessoas ao meu redor em ações que contribuam para um mundo mais sustentável e humano.
Em que momento da sua trajetória pessoal, a consciência ecológica foi uma virada de chave?
Tive a sorte e o privilégio de ter uma mãe com essa consciência, então isso sempre esteve comigo. A escola também teve um papel fundamental na minha formação. Foi na Escola Vila que aprendi sobre ecologia, sustentabilidade, cultura e história do nosso povo, cidadania e pensamento crítico.
Quando entrei na Santa Branca vi que podíamos implantar algumas ações nesse sentido. Depois de 3 anos de empresa, fui convidada a fundar o setor de ESG, para justamente ampliar a nossa atuação nos âmbitos ambiental, social e de governança, assim como fortalecer os projetos que já existiam.
Conta pra gente como surgiu a ideia de reutilizar antigos uniformes da Farmácia Santa Branca para criar novas possibilidades?
Foi engraçado como tudo começou. Nosso depósito no escritório é um espaço compartilhado entre vários setores e, um dia, notei grandes sacos cheios de antigos uniformes da empresa, que pareciam estar lá há séculos. Descobri que eles estavam lá porque ninguém sabia o que fazer com eles, já que tinham o nome e a logomarca da empresa, o que dificultava a doação por questões de segurança – para evitar que fossem usados de má fé. Foi aí que tive a ideia de reutilizar esses tecidos e pensei na técnica de patchwork, que junta quadradinhos de vários tecidos misturados formando um único. Dessa forma, conseguiríamos usar esses uniformes, descartando apenas as logomarcas. A ideia era fazer ecobags, sacolas reutilizáveis de tecido, para presentear nossos colaboradores.
Para tornar isso possível, contamos com a parceria da Área Q da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Quixeramobim, que abriga a Escola Industrial do Sertão Central Abigail Patrício. A escola oferece um curso profissionalizante de corte e costura gratuito para a população, ajudando os alunos a se capacitarem para gerar renda ou se inserir no mercado de trabalho. A Santa Branca forneceu todo o material, e os alunos do curso aprenderam a costurar fazendo suas primeiras ecobags.
Assim, o projeto da Santa Branca em parceria com a Área Q, promoveu tanto o desenvolvimento social quanto o incentivo à sustentabilidade. No final, fizemos um evento para comemorar a formatura dos alunos do curso que participaram do projeto, e ficamos muito felizes em poder agradecer pessoalmente a eles
Essa iniciativa é apenas uma das inúmeras escolhas que a Farmácia Santa Branca vem fazendo dentro do conceito ESG. Conta um pouco mais sobre o tema.
ESG é um conjunto de padrões e boas práticas que ajudam a definir se uma empresa é socialmente consciente, sustentável e bem gerenciada. Essa sigla vem do inglês e significa: Meio Ambiente (Environmental), Social (Social) e Governança (Governance).
A Santa Branca, comprometida com a preservação ambiental e o desenvolvimento social, implementou medidas inovadoras para reduzir significativamente o impacto ambiental de suas operações, além de continuar com as ações de compromisso social que estão presentes desde a sua fundação. A empresa formalizou a criação do setor de ESG em 2022. Hoje, temos cinco projetos de ESG em funcionamento contínuo, além de outras ações que foram sendo feitas desde a criação do setor. Os projetos são: Descartômetro (locais para descarte de medicamentos vencidos), Cãomunidade (canos com ração e água para animais de rua), Reciclagem, Garrafinha reutilizável e copos descartáveis biodegradáveis, e Ecobags (sacolas ecológicas).
Também atuamos junto a diversas instituições beneficentes, com contribuições mensais de valores, medicamentos e outros produtos. Entre elas estão a Associação Peter Pan, Instituto Vida Videira, Recanto do Sagrado Coração, SOPAI Hospital Infantil, Unidos pelos Animais e AMIGOS. Além disso, promovemos eventos e visitas mensais a entidades assistenciais, para promover a solidariedade e incentivar a responsabilidade social entre nossos colaboradores.
Como essas escolhas impactam na sua vida particular, dentro de casa?
Em casa, procuramos adotar práticas que contribuam para diminuir nosso impacto no planeta. Fazemos reciclagem de resíduos, utilizamos sacolas retornáveis para as compras e priorizamos adquirir produtos de produtores locais. As pequenas ações importam, e queremos cada vez mais implantá-las no nosso dia-a-dia.
Lora, somos uma revista que também destaca os cuidados integrais com corpo, mente e espírito. Como você tem se cuidado nos últimos tempos?
Recentemente, voltei a correr, e isso tem sido ótimo não só pro meu corpo, mas também pra esvaziar a mente e começar o dia com aquela energia boa. Além disso, estar em contato com a natureza é essencial pra mim. Amo fazer uma caminhada pelo Parque do Cocó ou dar um pulo na praia. Essas escapadas me ajudam a me reconectar comigo mesma.
No meu dia a dia, tento sempre incluir atividades que me tragam paz e introspecção, como escrever, ler, bordar e fazer crochê. Depois de me exercitar, adoro tomar um longo banho pra renovar as energias. E claro, estar com minha família e amigos é fundamental; eles são minha base e meu suporte emocional. Tudo isso junto me ajuda a manter um equilíbrio entre corpo, mente e espírito.
VOCÊ JÁ OUVIU FALAR SOBRE ESG?
A agenda ESG reúne recomendações de práticas e comportamentos voltados a três pilares: ambiental, social e governança corporativa. Com foco na sustentabilidade, esse conceito tem se tornado uma pauta comum no mercado e tende a se fortalecer cada vez mais, acompanhando as demandas do público, as alterações nos hábitos de consumo e as inovações no universo empresarial.
Por isso, as marcas buscam implementar ações mais sustentáveis em suas operações. Isso pode trazer benefícios financeiros, competitivos e organizacionais.
No entanto, é necessário conhecer as boas práticas e desenvolver um planejamento estratégico para não cair no greenwashing – conceito utilizado para descrever empresas que vendem uma imagem sustentável, mas não aplica a sustentabilidade de fato.