Enxergando a beleza dos monstros
Os monstros só existem na minha cabeça. São pequenos pensamentos que passam tão rápidos que muitas vezes nem me dou conta do quão automáticos eles são. Mas que me fazem sentir certas coisas que na minha desatenção, vou vivendo sem questionar ou mesmo observar que tipo de forma-pensamento está transitando em meu corpo. Será que é meu? Será que é do outro? É do passado? Do futuro? E ai o presente se abarrota. E fico desligado e vou fazendo coisas e mais coisas em busca de organizar o que muitas vezes só pode ser concebido e sentido no meu silêncio. Os monstros muitas vezes existem na minha displicência em perceber minhas palavras, minhas crenças e no meu compromisso comigo mesmo. Mesmo que muitas vezes eu diga "vamos lá, vai dar certo", e então dias se passam e lá estou eu outra vez fazendo aquilo que não gostaria de fazer e com medo dos monstros. Aí respiro e sento e vou de novo e começo outra vez no automático. E não me dou a chance de errar, de parar e ouvir e encantar a mim mesmo com a minha vida e de começar com entusiasmo. E não por meio de crenças de que eu preciso fazer aquilo que supostamente me comprometi, senão... Os monstros muitas vezes existem na minha vontade de controle, na forma de querer que as coisas sejam “daquele jeito” e claro, que se expressem do meu jeito como se fosse o único modo de conceber as coisas. Os monstros são distorções que eu crio e ao vê-los, quero escondê-los claro, tenho medos deles e mais, imagine se os outros dão de cara com meus monstros. Nunca na vida! Olho de soslaio antes de relaxar com meus monstros. Dou aquele rabo de olho para ver se alguém está olhando para eles. Pois eu fui ensinado a prender os meus monstros, fui ensinado a odiar os meus monstros. Bom, aí uma hora quando canso de sustentar toda essa pressão, caio de bunda no chão e vou ter que me deparar com o que está ali: os monstros e eu sozinho. Depois disso e todo esse esforço ridículo, eu e os monstros rimos, mas rimos tanto que os monstros viram meus amigos. Aí eu acolho eles, conheço-os mais de perto e me apaixono perdidamente por eles! Quem foi que criticou e prendeu esses pobres coitados aqui? Eu mesmo, sendo idiota! Fico tão maravilhado com suas cores, cheiros e ideias diferentes e seu jeito de falar, as suas formas tão infinitas e BOOM! Lá estou eu vendo os condicionamentos e preconceitos que criei. Que foi eu que vi errado. Que foi eu que não enxerguei a beleza dos monstros. Que foi eu que critiquei tudo com a minha distorção! Bom, agora aqui estão eles meus amigos, apresento a vocês e claro eles estão me chamado agora para transcender meus limites e brincar com eles, ser mais leve na vida, acreditar que tudo é possível nesse mundo! E aí, eu paro, respiro e com muito amor observo a mim mesmo e rio. Com mais calma percebo que os monstros não são tão monstruosos assim.
NS1.36.6.25.191